Olá, classe!
Vamos agora aprender um pouco das expressões do povo do Recife – não esqueçam de falar os “Ss” antes de consoantes e no fim das palavras com som de “izz”.
Se disserem que seu namorado é “tanga no aro” ou “trabalha na Mário Melo“, é melhor você investigar o rapaz, porque ele pode ser “frango”. Captaram?
Quando você ouvir um “eu me abro“, descarte a sinceridade alheia. Ele não quer dizer nada além de que ri de algo.
O nosso “doidinha” aqui é “mulé“.
Doidinho que pega mulher feia é homenageado com a alcunha de “guerreiro“.
Aqui não é a Bahia de Lázaro Ramos, mas também se fala “Ó pra aí”, só que sem o “ó” do final. Na verdade, como falam muito rápido, é “opraí” ou “opraisso” (em menos de um milésimo de segundo).
Se você fizer alguma coisa “na brodagem“, certamente será bem visto e todos vão achar que você é uma pessoa generosa.
“Ruim que só febre do rato” é ruim mesmo.
A interessante construção “tá vendo tu?” é como o nosso “olha aí”.
Um bom advérbio de intensidade é o “é bóia“.
E, meninas, se chamarem você de “tabacuda” não se ofenda…tanto. Afinal, um rapaz também pode ser “tabacudo“, que nada mais é do que abestalhado.
Agradecimentos especiais a Maria Helena, Filipe de Assis, Dimitry Queiroga e Roberto Emmanuel.
Ser pernambucano é…
Considerar Reginaldo Rossi rei
Acreditar que a Recife é mesmo a ‘Veneza Brasileira
Defender o frevo, mas não fazer um passo sequer (apenas ‘dançar com os dedos’)
Amar as pontes do Recife sem conhecer o nome de nenhuma
Preferir botecos a fast-food
Gostar de qualquer música que fale de sertão, mangue, etc.
Gostar de comer caranguejo
Saber o significado das palavras ‘pirangueiro’,’pantim’ e ‘mangar’
Ter orgulho de dizer que o sonho de todo cearense é ser pernambucano
Adorar bolo-de-rolo e suco de pitanga
Ir ao Alto da Sé em Olinda apenas para ver Recife ao longe e comer tapioca
Correr no Parque da Jaqueira e depois se empanturrar de caldo de cana na saída
Jantar olhando para a lua incrivelmente linda na praia de Boa Viagem
Achar que Recife seria melhor se os holandeses tivessem permanecido
Admirar Mauricio de Nassau mesmo sabendo pouco sobre ele
Conhecer a estória de Biu do Olho Verde e da Perna Cabeluda
Freqüentar a praia em frente ao Acaiaca
Tomar água de coco na praia
Ficar dividido entre a beleza de Porto de Galinhas e Itamaracá
Ter saudade da Livro 7
Saber distinguir entre o Maracatu do Baque Solto do Maracatu do Baque Virado
Conhecer as músicas de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Chico Science e Lenine
Achar que você pode tirar uma pessoa de Pernambuco, mas que nunca poderá tirar Pernambuco de alguém que nasceu ou já viveu lá (sim, eles se tornam pernambucanos de coração!)!
Você chegou no Recife, está adorando, mas não entende algumas expressões? Fácil! Aprenda:
abestalhado – bobo, besta, pateta
abilolado – “abestalhado”
acochado – apertado
a como é – quanto custa (ex: A como é o quilo do tomate, seu Biu? Prá senhora é de graça, freguesa)
afolosado – frouxo, quebrado
alcatifa – carpete
alpercata – sandália de couro
aperreado – preocupado, com problemas, agoniado
a pulso – à força, na marra
arengar – discutir, brigar
arrasta-pé – forró
arretado(1) – muito bom, excelente, maravilhoso arretado(2) – irritado, com raiva
arribar – sair, ir embora
arrodear – dar a volta
aruá – caramujo de jardim, pessoa muito lerda
avexado – apressado
azuretado – confuso, no mundo da lua
badoque – estilingue, atiradeira
biliro – grampo de cabelo
biscoito/bolacha – vamos esclarecer de vez este quiprocó: biscoitos são “doces”, enquanto bolachas são apenas as “salgadas”, ok?
borocochô – triste
borrão – bloco de rascunhos
bulir – mexer em algo
buliçoso – aquele que gosta de mexer em tudo
caba – homem
cabra – homem
cafuçú – trabalhador braçal
cambitos – pernas finas
cangalha – pessoa com as pernas arqueadas
cão chupando manga – o bom, o cara que sabe tudo, o tal, o “tampa de Crush”, o “supra sumo”
carecer – precisar de
catabiu – buraco na estrada
chamegar – namorar, se esfregar no namorado
chapoletada – pancada forte
cheguei – de corres berrantes, de gosto duvidoso
cortar jaca – estimular, ajudar o namoro de
cotôco – resto ou pedaço
créu – utilizado quando algo é muito difícil (ex.: Eita negócio difícil do créu)
de hoje a oito – de hoje a oito dias, inclusive (ex: Você viaja hoje, Biu? Não, Zé, de hoje a oito)
de jeito maneira – de modo algum
de rosca – algo difícil de ser realizado, duro de sair
dor de veado – dor abdominal que dá em quem bebe muito líquido e vai fazer exercício logo depois
diadema – tiara
eita – exclamação
esmoléu – mendigo, pedinte
esse menino, essa menina – vocativos (ex: Que horas são, essa menina? Hora de deixar de ser enxerido, esse menino)
estar com a bexiga lixa – estar com o diabo no couro, estar com tudo
estar com a bobônica – igual a estar com a bexiga lixa, só que no interior de Pernambuco
estar com a febre – variação de “estar com a bobônica” (ambos na verdade são corruptelas de “estar com a febre bubônica”, também usado no interior do estado. Mas evite usar esta expressão no Recife: vão pensar que você é “matuto” (do interior))
estar com a macaca – mais uma variação de “estar com a bobônica, com a bexiga lixa”
estar com a moléstia – estar mais do que com a bexiga lixa, estar muito “arretado”
fazer feira – comprar em supermercado
fazer o balão – dar a volta com o carro em um circular
fecheclér – zíper, fecho de calça
fera – sujeito recém-aprovado no vestibular
filar – olhar a prova dos outros
frango – veado
frisos – enfeites cromados em um carro
frouxo – medroso
fuleiro – de má qualidade (objetos), sem-vergonha (pessoas)
fuxico – fofoca
gabiru – rato grande
galego – pessoa loura ou alourada
gazear – faltar à aula ou ao trabalho
gelo baiano – blocos de concreto pintados de branco usados para separar as vias de trânsito
girador – do trânsito de veículos: circular, rotatória
gréia – azoação (ex: A festa foi a maior gréia)
guaiamum – tipo de caranguejo de casco azulado e carne adoçicada, muito apreciado
guaraná – denominação genérica de qualquer refrigerante (ex: Que guaraná você quer, minha filha? Coca Cola, mainha!)
iapôis – concordância, é mesmo
inhaca – catinga, mau cheiro
invocado – turrão, com raiva
jante – roda do carro
jerimum – abóbora
lanterneiro – funcionário da oficina mecânica que corrige imperfeições na lataria do carro
leseira – abestalhamento, idiotice
leso – bobo
liso – sem dinheiro
loló – mistura de éter e clorofórmio utilizada como entorpecente no carnaval
macaxeira – variedade comestível de mandioca
malamanhado – mal arrumado
maloqueiro – menino de rua, pivete
mamulengos – bonecos de espetáculos para divertir as crianças
maneiro – leve
mangar – rir dos outros
marretar – furtar coisas de pouco valor
marreteiro – ladrão vagabundo
massa! – interjeição: muito bom, legal, excelente
matuto – caipira, pessoa do interior
meio-fio – paralelepípedos que separam a calçada da rua
metido a cavalo do cão – metido a besta, sujeito que pensa que é muita coisa sem ser
moringa – vaso de barro onde se armazena água
munganga – palhaçada
muriçoca – pernilongo
nó cego – problema de difícil solução, sujeito enrolado, complicado
nos cafundós do Judas – muito longe (variantes: “nos quintos dos infernos”, “onde o vento faz a curva”)
oitão – parte do quintal que dá para os lados da casa
oxe, oxente – interjeições de espanto (corruptelas de “oh, gente!”)
paia – mulher feia, festa desanimada, objeto ruim, de má qualidade
pantim – ficar com frescura
peba – vagabundo, de má qualidade
pirangueiro – sovina, mão-fechada
peguento – suado, suarento
peitica – sujeito insistente, renitente
perronha – sujeito que joga mal futebol
pichaim – cabelo carapinhas, bastante enrolado
pichete – o mesmo que cabelo “pichaim”
pipoco – estouro
pirangueiro – sujeito pão-duro, avarento
pitó – elastico de cabelo
pitoco – botão de som ou coisa pequena saliente
pixototinha – bem pequenininho
que nem – igual a, tal qual
queijo – frescura
quenga – mulher sem vergonha ou de programa
relar – arranhar (ex: Foi passear de tobogã, relou a bunda)
rala-buxo – festa onde se pode dançar, forró
rôlo – confusão
romper o ano – atravessar a festa de ano novo (ex: Onde você vai romper o ano? Em Boa Viagem, é claro!)
roncha – marca de pancada na pele
sarará(1) – formiga da bunda vermelha
sarará(2) – pessoa de feições negras e cabelo amarelo ou vermelho
sargaço – algas marinhas
se abrir – gargalhar, rir em demasia
segurar a vela – acompanhar um casal de namorados ao restaurante, ao cinema, etc.
sem um tostão furado – sem dinheiro, “liso”
supra sumo – o bom, o maioral, aquele que está acima do “tampa de Crush” e do “cão chupando manga”
tabacudo – bobo, “abestalhado”, abobado, “abilolado”
tamborete de zona – sujeito baixinho
tampa – sujeito bom em algo
tampa de Crush – é o cara que é “muito tampa” (o tipo do sujeito que toma uma Crush quente sem fazer careta)
tirar o cabaço – desvirginar
torar – partir, quebrar
torar um aço – sentir medo intenso, passar por situação de aperto
tabica – pão bisnaga
toró – chuva forte
trancelim – corrente com pingente
traquino – menino traquinas, agitado
treloso – “traquino”
tribufu – pessoa feia
um pé lá, outro cá – ir e voltar rapidamente
virado no molho de coentro – estar com tudo e não dever nada a ninguém, ser capaz das maiores realizações
vôte! – interjeição de espanto (corruptela de “vou-te, homem!” mais usada no interior do estado)
xêxo – pedrinha redonda
xôxo – bem franzino ou pequeno
zambeta – de pernas tortas
zarolho – vesgo, que tem os olhos trocados
zoada – barulho, confusão (ex: Que zoada é essa? É o trio elétrico passando)
zona(1) – local do baixo meretrício
zona(2) – bagunça, confusão (ex: Joãozinho, vá arrumar o seu quarto, que está a maior zona)
Aaaaaaaaaaaah! 99% disso aí é nordestinês puro. Esse povo de Recife, sei não viu? Sempre querendo ser o pai das coisas legais da cultura nordestina hehehehehehehe
E nós temos lá culpa de sermos “o coração do folclore nordestino”?????
Massa estas por aqui, pelo menos diminui a minha saudade dessa terra massa.
a proposito não ouvisse ainda ” tais vendo tu?” ou “que delicia é essa, hein?” com o sotaque fica muito bom.
Meniiiino! Eu esqueci esse! O povo fala direto! Coloquei lá no post 🙂
Tais vendo tu errada.
Bjs
tem o “…e então..”
que por sinal, me irrita muito…qq pergunta que o cara faz, o outro responde com “e entao”…
-Ow chico, bora no antigo pro forró de um real…tá chei de nega, lá.
E chico responde:
– E então…
Com um sotaque caracteristico..
parece ser uma locução adverbial genérica de afirmação, algo do tipo: é , com certeza..
——–
Outra é a nossa bagana (pipoca, pirulito, bala) que aqui recebeu o codinome “breboto”.
Contexto: “adoro festa de aniversário e os brebotos que vem nas lancheiras..”
Tem ainda o “pegar carona” que é muito diferente aqui, mas esqueci agora
=p
“Olhe”, dá pra fazer um dicionário…
Pingback: Fita-me no fiteiro « Eu e o Recife
Adorei a ideia do blog.
e quanto ao vocabulo Breboto no RN é o mesmo que conversa fiada, ou besteiras, conversa sem fundamento, kkk, pelo menos em Assu e Mossoró.
Exemplo: “Maria, para de conversar bretoto e vai trabalhar!”
Coloca também as palavras BOTE FÉ, DISPENSE, ALMA SEBOSA e FUDEROSO. São vocábulos que só são utilizados em Recife.
Ah, QUEIXÃO e QUEIXUDO também